Exegese
Judaica
Um
estudo da história da interpretação bíblica começa, em geral, com a obra de
Esdras. Ao voltar do exílio da Babilônia, o povo de Israel solicitou a Esdras
que lhes lesse o Pentateuco. Neemias 8: 8 “leram no livro, na lei de Deus, claramente,
dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia”.
Visto
que, durante o período do exílio, os israelitas tenham provavelmente perdido
sua compreensão do hebraico, a maioria dos eruditos bíblicos supões que Esdras
e seus ajudantes traduziram o texto hebraico e o liam em voz alta em aramaico,
acrescentando explicações para esclarecer o significado.
Quando
o povo retornou o exílio na Babilônia foi necessário, portanto, que tivessem os
Targuns (de uma palavra que significa “explicar”) para que pudessem ser
orientados na interpretação das escrituras. Afirmava-se que essa tradição havia
sido passada fielmente do escriba Esdras e dos membros da Grande Sinagoga que,
por sua vez, supostamente haviam recebido esses ensinamentos por meio da revelação
divina.
Os targuns
aramaicos
A origem dos targuns. Há
evidências de que os escribas, já nos tempos de Esdras (Ne 8.1-8), estavam
escrevendo paráfrases das Escrituras hebraicas em aramaico, Não estavam
produzindo traduções, mas textos explicativos da linguagem arcaica da Tora. As
pessoas que realizavam esse trabalho de produzir paráfrases eram chamados
methurgeman; desempenhavam papel importante na comunicação da palavra de
Deus em língua hebraica (que aos ouvidos samaritanos soava tão exótica), na
língua do dia-a-dia que o povo entendia bem. Antes do nascimento de Cristo,
quase todos os livros do Antigo Testamento tinham suas paráfrases ou
interpretações (targuns). Ao longo dos séculos seguintes o targum foi sendo
redigido até surgir um texto oficial.
Os mais antigos targuns aramaicos provavelmente
foram escritos na Palestina, durante o século II d.C, embora haja evidências de
alguns textos aramaicos de um período pré-cristão. Esses textos primitivos,
oficiais, do targum, continham a lei e os profetas, embora targuns de épocas
posteriores também incluíssem outros escritos do Antigo Testamento. Vários
targuns não-oficiais, em aramaico, foram encontrados nas cavernas de Qumran,
cujos textos seriam substituídos pelos textos oficiais do século II d.C. Durante
o século III, todos os exemplares do Targum palestino oficial, abrangendo
a lei e os profetas, foram praticamente engolidos por outra família de
paráfrases dos textos bíblicos, chamadas Targuns aramaico-babilônicos.
As cópias do targum que contivessem os demais escritos sagrados, além da
lei e dos profetas, continuavam a ser feitas extraoficialmente.
Os escribas que vieram a seguir tiveram grande
cuidado em copiar as escrituras, crendo que cada letra do texto era a palavra
de Deus inspirada. Esta profunda reverencia pelo texto escriturístico tinha
suas vantagens e desvantagens. Uma grande vantagem estava em que os textos
foram cuidadosamente preservados através dos séculos. Uma grande desvantagem
foi que os rabinos logo começaram a interpretar a escritura por outros métodos
que não os meios pelos quais a comunicação e normalmente interpretada.
Os rabinos pressupunham que sendo Deus o autor da
escritura:
1- O
interpete poderia esperar numerosos significados em determinado texto
2- Cada
detalhe incidental do texto possuía significado
Interpretação Anagógica
A palavra anagógica
refere-se a uma espécie de interpretação alegórica, que procura descobrir
verdades espirituais ocultas, no texto literal das escrituras. Sua forma mais
radical era a dos antigos hebreus, que pensavam ver significados ocultos até
nas letras formadoras das palavras.
O rabi AKIBA, no primeiro século da era cristã,
finalmente entendeu que isto sustentava que toda repetição, figura de
linguagem, paralelismo, sinônimo, palavra, letra, e até as formas das letras
tinham significados ocultos. Esse letrismo (enfoque indevido as letras das
quais se compunham as palavras da escritura) era muitas vezes levado a tal
ponto que o significado que o autor tinha em mente era menosprezado e em seu
lugar se introduzia uma especulação fantástica.
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